Marat (nome fictício) foi brutalmente espancado por seus próprios parentes e vizinhos. Seu crime? Abandonar a tradição para seguir a Jesus Cristo. O caso expõe a alarmante escalada da perseguição em uma nação onde ser cristão é visto como uma traição cultural.
As marcas roxas no rosto de Marat contavam uma história que seus lábios, por vergonha e medo, hesitavam em revelar. Durante uma visita pastoral recente, o líder de sua pequena igreja na Ásia Central notou os hematomas e, com insistência cuidadosa, ouviu o relato de um ato de violência covarde e profundamente pessoal. Marat, o único seguidor de Jesus em todo o seu vilarejo no Quirguistão, havia sido espancado. Os agressores não eram estranhos; eram membros de sua própria família e vizinhos, pessoas com quem cresceu. O motivo da agressão foi um só: sua nova fé em Cristo.
O caso de Marat não é um incidente isolado. É o retrato vívido e doloroso de uma tendência que coloca o Quirguistão no mapa global da perseguição religiosa. Segundo dados da organização internacional Portas Abertas, a nação da Ásia Central protagonizou a mais dramática escalada na Lista Mundial da Perseguição (LMP) de 2025, saltando da 61ª para a 47ª posição entre os países mais perigosos do mundo para ser cristão.
Esta subida vertiginosa não é baseada em estatísticas frias, mas em histórias como a de Marat. Em uma sociedade de maioria muçulmana, a conversão ao cristianismo é frequentemente vista não como uma escolha de fé pessoal, mas como uma traição à identidade familiar, cultural e nacional. Cristãos ex-muçulmanos enfrentam uma pressão esmagadora para que renunciem a Jesus, vinda daqueles que deveriam lhes oferecer proteção e amor.
O Silêncio que Grita
Inicialmente, Marat decidiu não denunciar o espancamento, optando por sofrer em silêncio – uma reação comum entre cristãos perseguidos que temem retaliações ainda mais severas ou a completa exclusão de sua comunidade. Sua história só veio à tona graças à visita de seu pastor, evidenciando o papel vital da Igreja como a única família que resta para muitos novos convertidos.
"A agressão física é apenas a ponta do iceberg", relata um parceiro local da Portas Abertas. "Por baixo, há uma campanha constante de assédio psicológico, ameaças, discriminação no trabalho e o isolamento social. O objetivo é quebrar o espírito do crente e forçá-lo a voltar à fé ancestral da comunidade."
O aumento da violência e da pressão no Quirguistão é um chamado urgente à ação para a Igreja global. O pedido compartilhado por parceiros em campo é claro: orem por Marat. Orem por sua proteção física e por força espiritual para que ele persevere em meio à hostilidade. Orem para que o perdão, a mais radical das virtudes cristãs, possa florescer em seu coração. E orem pelos milhares de outros cristãos no Quirguistão, que, como ele, pagam um preço altíssimo por simplesmente declararem que Jesus Cristo é o Senhor.
Fonte: portasabertas.org.br
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