EUA Exige que China Liberte Pastor com Laços Americanos em Meio à Pior Repressão Religiosa em 40 Anos


Uma vasta operação contra igrejas "clandestinas" na China culminou na prisão do pastor Jin Mingri, cujos filhos são cidadãos americanos, elevando a tensão entre Washington e Pequim.

WASHINGTON, D.C. – O governo dos Estados Unidos elevou o tom contra a China nesta segunda-feira (13), exigindo a libertação imediata e incondicional do pastor Jin Mingri, uma das figuras mais proeminentes do cristianismo independente no país. A demanda ocorre em meio ao que ativistas descrevem como "a mais extensa e coordenada onda de perseguição contra igrejas clandestinas em mais de 40 anos", deflagrada pelo governo chinês.

A pressão americana é intensificada por um fator crucial: os filhos do pastor são cidadãos dos EUA, e sua família reside na região de Washington, D.C.

Em uma declaração contundente, o Secretário de Estado, Marco Rubio, condenou a prisão de Jin e de dezenas de outros líderes religiosos. "Essa repressão demonstra ainda mais como o Partido Comunista Chinês exerce hostilidade contra cristãos que rejeitam a interferência do Partido em sua fé", afirmou Rubio.

O Gigante Digital que Incomodou Pequim

Com 56 anos, Jin Mingri, também conhecido como Ezra Jin, é o fundador da Igreja de Sião, uma congregação evangélica que, desde 2007, cresceu exponencialmente até se tornar uma das maiores "igrejas domésticas" da China. Mesmo após ser oficialmente fechada pelo regime em 2018, a igreja não se calou. Sob a liderança remota de Jin, ela se transformou em um fenômeno online, com cultos que reuniam até 10 mil fiéis em plataformas como Zoom e YouTube, furando o bloqueio estatal.

"Eles têm medo da influência do meu marido", afirmou sua esposa, Chunli Liu, em uma entrevista dos Estados Unidos, onde vive com os três filhos do casal desde 2018.

Um Drama Familiar Transpacífico

Segundo a filha do pastor, Grace Jin Drexel, que trabalha no Senado americano, seu pai foi preso em sua casa na sexta-feira. A operação foi ampla: simultaneamente, cerca de 30 outros líderes e membros da igreja foram detidos ou desapareceram em cidades como Pequim e Xangai.

Grace relatou que o pai vivia sob vigilância constante e estava impedido de deixar o país. Em uma tentativa recente de renovar seu visto na Embaixada dos EUA em Pequim, ele foi interceptado por agentes de segurança e forçado a deixar a capital. Desde a prisão, a família não teve mais contato e não há informações sobre acusações formais. "Parecia que algo grande ia acontecer de novo. Só não sabíamos quando ou em que medida", lamentou Grace ao The New York Times.

"A Pior Perseguição em Décadas"

A prisão de Jin é vista por especialistas como o ápice de uma escalada de repressão sob o governo de Xi Jinping. Novas regras, implementadas em setembro, proíbem a disseminação de conteúdo religioso online por canais não registrados pelo Estado, o que torna a situação do pastor ainda mais delicada.

Bob Fu, fundador da ChinaAid Association, classificou a operação como a mais severa em quatro décadas. Corey Jackson, da Luke Alliance, foi além: "A situação pode piorar ainda mais".

Embora a Constituição chinesa garanta, no papel, a liberdade religiosa, o Partido Comunista, oficialmente ateu, só reconhece instituições sob seu controle direto. Dezenas de milhões de cristãos que optam por cultuar em igrejas independentes vivem sob a constante ameaça de assédio, vigilância e, como agora se torna claro, prisão em massa.

Postar um comentário

0 Comentários