Em um dia de emoção avassaladora, os 20 cativos restantes foram libertados, encerrando um dos capítulos mais dolorosos da história do país. A alegria, no entanto, é assombrada pela espera dos corpos de 28 reféns que morreram no cativeiro.
RE'IM, Israel – Em um dia que ficará marcado na memória de uma nação, Israel recebeu nesta segunda-feira (13) os últimos 20 reféns que estavam em poder do Hamas. Após 738 longos dias de cativeiro, a angústia deu lugar a cenas de choro, abraços e um profundo alívio coletivo na base militar de Re'im, no sul do país, onde as famílias finalmente puderam reencontrar seus entes queridos.
A operação, parte da primeira fase de um complexo acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, começou com a entrega dos reféns à Cruz Vermelha em Gaza. De lá, comboios das Forças de Defesa de Israel (IDF) os transportaram para território israelense. Nas ruas, a população se alinhou para saudar a passagem dos veículos com bandeiras e aplausos, em uma demonstração de unidade e celebração.
Entre os libertados estão jovens sequestrados no festival de música Nova, soldados capturados em combate e civis levados de kibutzim durante o brutal ataque de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e deu início à guerra.
O Preço da Paz
O retorno dos reféns é a face mais visível de um acordo multifacetado. Em contrapartida, Israel deu início à libertação de aproximadamente 2.000 prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua. Conforme estipulado no pacto, a operação ocorreu discretamente, sem a presença da mídia.
O plano de paz, articulado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com mediação de Egito, Catar e Turquia, estabelece um roteiro para o fim do conflito, que inclui:
Um cessar-fogo permanente.
O recuo das tropas israelenses para posições pré-acordadas.
A criação de um conselho internacional para debater o futuro governo da Faixa de Gaza.
A Dor que Permanece
Apesar da euforia nacional, a alegria não é completa. Das 251 pessoas sequestradas, 28 morreram durante o cativeiro. A devolução de seus corpos tornou-se um dos pontos mais sensíveis e dolorosos do acordo. Até agora, apenas quatro foram retornados, gerando indignação entre os familiares.
“Esta é uma violação flagrante do acordo pelo Hamas”, declarou o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas em um comunicado duro. “Esperamos que o governo israelense e os mediadores ajam imediatamente para corrigir esta terrível injustiça.”
O Hamas alega desconhecer a localização de todos os corpos, e uma força-tarefa internacional foi montada para auxiliar na busca, um processo que se arrasta sem um prazo definido.
Mundo Celebra Avanço Diplomático
A comunidade internacional reagiu com otimismo. O presidente francês, Emmanuel Macron, saudou o que chamou de “um grande avanço diplomático”, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE está pronta para apoiar a reconstrução de Gaza.
De Tel Aviv a Londres, passando por Paris e Nova York, manifestações espontâneas celebraram a libertação, marcando o fim de um pesadelo de mais de dois anos e o início de uma frágil esperança de paz para o Oriente Médio.
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