O anúncio foi
feito em uma reunião no Rio, que contou com a participação presencial e virtual de líderes estaduais. No entanto, o encontro e a proposta ganharam destaque nacional por ocorrerem apenas dois dias após a megaoperação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio, que resultou em um alto número de mortes (121, segundo o governo fluminense, e 132, de acordo com a Defensoria Pública).
O Consórcio e Suas Diretrizes
O Consórcio da Paz surge com o objetivo principal de intensificar a cooperação entre os estados, reconhecendo que as facções criminosas atuam sem fronteiras.
Participantes Destacados na Reunião:
Cláudio Castro (PL) – Rio de Janeiro (Anfitrião e proponente)
Romeu Zema (Novo) – Minas Gerais
Jorginho Mello (PL) – Santa Catarina
Eduardo Riedel (PP) – Mato Grosso do Sul
Ronaldo Caiado (União Brasil) – Goiás
Tarcísio de Freitas (Republicanos) – São Paulo (Participação virtual)
Celina Leão (PP) – Vice-Governadora do Distrito Federal
Medidas e Foco do Consórcio:
Integração de Inteligência: Compartilhamento de dados, experiências e padrões operacionais para mapear e desarticular redes criminosas.
Compras Consorciadas: Aquisição conjunta de equipamentos de segurança (como armamentos e tecnologia) para reduzir custos e padronizar o material utilizado pelas forças policiais.
Endurecimento Legal: Defesa de mudanças na legislação para classificar facções como organizações terroristas, visando endurecer as penas e aumentar o custo da criminalidade.
O governador Cláudio Castro enfatizou o aspecto histórico da união: "Essa união é um passo histórico para proteger nosso povo e o futuro do Brasil."
O Tom Político e a Crítica ao Governo Federal
A reunião e o anúncio do Consórcio foram marcados por um forte tom político, com os governadores aproveitando o palco para criticar o que consideram ser a postura "leniente" ou "centralizadora" do Governo Federal em relação ao combate ao crime.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reforçou a linha dura:
"Criminoso não é vítima da sociedade. [...] É hora de endurecer as leis. As facções e organizações que tanto mal causam à população devem ser reconhecidas pelo que realmente são: terroristas."
Ronaldo Caiado, de Goiás, elevou o tom, traçando uma linha divisória ideológica na segurança pública: "O divisor é moral. Quem quer seriedade, cumprimento da lei e ordem está aqui, fique conosco. Se quer Lula, Maduro, fique com eles."
Atualização e Contexto Crítico
A criação do Consórcio da Paz ocorre em um momento de extrema tensão no Rio de Janeiro e de debate acalorado sobre a política de segurança:
Megaoperação Contenção (28/10/2025): O evento foi a motivação imediata para a reunião. A operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, gerou forte reação de entidades de Direitos Humanos e do Ministério Público, que pedem investigações detalhadas sobre as circunstâncias das mortes.
Resposta Federal: Em paralelo à criação do Consórcio pelos governadores, o Governo Federal anunciou o envio de peritos criminais, médicos legistas e contingente da Força Nacional para apoiar o Rio, como resultado da criação de um Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado para agilizar a cooperação entre forças federais e estaduais.
A PEC da Segurança: Os governadores criticaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, em tramitação no Congresso, que, segundo eles, pouco avança além do que já está previsto em lei. A prioridade do grupo é a mudança de leis ordinárias para maior rigor.
O Consórcio da Paz se posiciona, assim, como uma frente de cooperação interestadual de perfil conservador que busca maior autonomia e rigidez no enfrentamento ao crime, em contraposição a um diálogo mais cauteloso com o Governo Federal. O próximo passo será uma nova reunião para formalizar o estatuto do Consórcio e expandir os convites a outros estados.
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