O empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS" e figura central no esquema de fraude investigado pela Polícia Federal, está sob nova e severa pressão. Documentos obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS revelam que Antunes omitiu intencionalmente a posse de um apartamento de luxo e a existência de empresas fundadas nos Estados Unidos, configurando um grave caso de omissão patrimonial e potencial evasão de divisas.
O Imóvel de Luxo Omitido na Flórida
O foco da nova suspeita recai sobre a aquisição de um apartamento de 100 metros quadrados localizado em Sunny Isles, na Flórida, Estados Unidos. O imóvel foi comprado em fevereiro de 2024 e é avaliado em US$ 610 mil (aproximadamente R$ 3,2 milhões, na cotação da época).
Apesar da aquisição ter ocorrido em 2024, o empresário falhou em declarar o bem na Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) apresentada em 2025.
Além da propriedade em território americano, a documentação fiscal analisada pela CPMI do INSS aponta que Antunes também não declarou a Receita Federal a titularidade de empresas fundadas fora do Brasil, aprofundando as suspeitas de um esquema de ocultação de ativos e movimentações financeiras internacionais.
A Revelação Através da Quebra de Sigilo
A omissão só foi descoberta após a Receita Federal enviar a DIRPF de 2025 do empresário à CPMI, um passo crucial possibilitado pela quebra dos sigilos fiscal e bancário autorizada pelo colegiado.
Especialistas apontam que a falta de declaração de ativos e movimentações no exterior pode configurar omissão patrimonial, sujeita a sanções severas. A não inclusão de propriedades e empresas fora do país levanta sérias suspeitas de evasão de divisas, podendo resultar em autuações fiscais drásticas, multas elevadas, juros e acusações de crime de evasão fiscal.
Confissão e Contexto da Prisão
Durante depoimento à CPMI do INSS, Antonio Carlos Camilo Antunes chegou a confirmar a propriedade do imóvel: “Imóveis na Flórida, tenho – tenho, sim. Tenho um apartamento em Sunny Isles. Vendi um imóvel aqui, em Vicente Pires, no valor de R$ 3,5 milhões, quantia correspondente ao que usei na compra lá.”
Apesar da confissão, a omissão na declaração de renda permanece. Em resposta às acusações, a defesa do empresário comunicou que prestará os devidos esclarecimentos "nos autos do processo".
É crucial notar que Antunes já se encontrava em uma situação legal delicada. Ele foi preso em 12 de setembro (um mês antes da revelação desta nova omissão) em uma operação da Polícia Federal que investiga o esquema conhecido como “Farra do INSS”, sob suspeita de ocultação de patrimônio e risco de fuga — fatores que agora ganham peso com a descoberta dos bens internacionais não declarados.
Segundo a legislação da Receita Federal, contribuintes devem declarar todos os bens, nacionais ou estrangeiros, existentes em 31 de dezembro dos anos-calendário, bem como as aquisições ou vendas realizadas, sob pena de multas, juros e, em casos mais graves, acusações formais de evasão fiscal.
Fonte: revistaoeste
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