A Gravidade da Crise na Nigéria
O debate no Capitólio é fundamentado em dados alarmantes que pintam a Nigéria como o epicentro da violência religiosa no mundo:
"O Lugar Mais Perigoso do Mundo para os Cristãos": O relatório da organização International Christian Concern (ICC) e as declarações dos congressistas convergem ao descrever a Nigéria nesses termos.
Estatísticas de Mortes: O ICC revelou que 82% dos cristãos mortos por perseguição religiosa entre 2022 e 2023 estavam na Nigéria. O Senador Ted Cruz citou que 50 mil cristãos foram mortos desde 2009, e que 2 mil escolas e 18 mil igrejas foram destruídas nesse período. Outras fontes mencionam que, apenas nos primeiros sete meses de 2025, mais de 7.000 cristãos foram assassinados, uma média de 35 mortes por dia.
Atores da Violência: A violência é impulsionada por grupos jihadistas como o Boko Haram e a facção Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP), além de milícias de pastores fulani que atacam as comunidades cristãs, especialmente na região Centro-Norte e Norte do país.
O Pedido Central: A Classificação CPC
A pressão do Congresso, liderada por figuras como o Deputado Riley Moore e o Senador Ted Cruz, visa a inclusão imediata da Nigéria na lista de CPC do Departamento de Estado dos EUA.
O que é CPC? A designação "País de Preocupação Particular" é reservada a nações que "se envolveram ou toleraram violações particularmente graves da liberdade religiosa" de forma sistemática, contínua e flagrante, conforme a Lei de Liberdade Religiosa Internacional de 1998.
O Histórico: A Nigéria foi designada como CPC pelo governo dos EUA em 2020, mas a classificação foi retirada inexplicavelmente em 2021. Organizações como a ICC e a USCIRF (Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional) afirmam que essa retirada piorou significativamente a situação, encorajando a impunidade.
As Consequências do CPC: A redesignação obrigaria o governo americano a considerar sanções diplomáticas e econômicas contra as autoridades ou grupos responsáveis pelas violações, fornecendo "alavancagem diplomática" para pressionar Abuja a proteger suas minorias religiosas. O Deputado Moore chegou a pedir a suspensão da venda de armas e apoio técnico.
Respostas e Controvérsias
A Defesa do Governo Nigeriano: O Ministro da Informação da Nigéria, Mohammed Idris Malagi, negou que a violência seja uma campanha direcionada contra cristãos, classificando essa interpretação como uma "deturpação grosseira da realidade". Ele argumenta que os ataques afetam muçulmanos e outras comunidades, destacando a complexidade do desafio de segurança.
O Debate da Complexidade: Analistas, como Ladd Serwat (ACLED), concordam que o conflito é complexo, envolvendo disputas por terra, pobreza e falhas na governança local, e que a religião é apenas um dos fatores.
Vozes Contra o CPC: Líderes religiosos nigerianos, como o Bispo Católico Matthew Hassan Kukah, também alertaram que a redesignação como CPC poderia ser contraproducente, pois "prejudicaria os esforços contínuos" de diálogo e reconciliação inter-religiosa no país, podendo aumentar as tensões e dar vantagem aos extremistas.
A Próxima Etapa
A pressão do Congresso não se limita a um pedido. O Senador Ted Cruz introduziu o projeto de lei "Nigeria Religious Freedom Accountability Act of 2025", que tornaria obrigatória a designação da Nigéria como CPC e imporia sanções específicas contra funcionários que facilitam a violência jihadista.
O governo dos EUA ainda não se pronunciou oficialmente sobre o pedido, mas o tema deverá ser crucial nas próximas discussões de política externa. Organizações internacionais alertam que o silêncio global diante do que consideram um "genocídio silencioso" representa uma falha moral e diplomática grave, com riscos de desestabilização para toda a região do Sahel.
Fonte: Guiame

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